Arte capital, excerto de entrevista a MAGDA DANYSZ
http://www.artecapital.net/entrevista-55-magda-danysz
Por Sílvia Guerra
Paris, 17 de Junho de 2008
P: E a arte urbana?
R: Esse é o outro domínio que quis
desenvolver, mas não diria que é a minha outra “especialidade”. Mas no
início fez um pouco parte do projecto da galeria. Faço parte da geração street art
e desde jovem a achava muito interessante, não o “tag” no metro, todo
destruído, mas existem murais fantásticos. Quando era ainda muito nova,
com uma certa ingenuidade, perguntava porque é que estas manifestações
não eram reconhecidas como sendo arte? E respondiam-me: Não, não é arte,
é vandalismo. Mas quanto mais me davam esta resposta mais eu me
convencia de que iria abrir uma galeria para vender os trabalhos destes
artistas. A galeria nunca visou vender exclusivamente arte urbana,
porque senão seria um outro ghetto, mas queria colocar o graffiti ao mesmo nível dos outros domínios artísticos.
É fine art como dizem nos Estados Unidos, é mainstream,
e penso que é o último movimento pictórico do século XX. Quando
analisamos os factos vemos que há um verdadeiro movimento localizado,
onde há o hip hop, com a tendência musical, corporal da dança, e há uma
técnica específica que utiliza o aerosol. E se perguntar a um artista se
é simples utilizar o aerosol, verá que é muito difícil. É claro que
hoje nem todos utilizam o aerosol, mas ele ainda está relacionado com
esta técnica. Durante alguns séculos o fresco não esteve na moda… e com
este movimento há um retorno do fresco e da escolha do lugar, do
ambiente urbano, porque cada artista da street art escolhe muito
precisamente a sua localização. Cada obra relaciona-se intimamente com o
ambiente que a circunda: uma vista panorâmica, um raio de sol, a
proximidade de outro edifício ou de outro fresco é importante para estes
artistas urbanos. Para mim todos estes elementos definem uma verdadeira
cultura artística, um movimento, e bato-me quotidianamente para que
seja reconhecido como tal.
P: Que outras galerias de Paris representam estes artistas ?
R:
Há cada vez mais galerias a representá-los, o que me deixa encantada. O
que é surpreendente nesta profissão é que não existe muita
concorrência, até é melhor existirmos em certo número para que nos
ouçam. Desejei este florescer da arte urbana há mais de 15 anos e fico
feliz com isso. Não gostaria de estar sozinha. A Agnès B. (designer de
moda francesa) sempre defendeu este movimento, quer como coleccionadora
de arte quer enquanto galerista. Fê-lo de uma forma humilde e discreta, e
foi muito importante para estes artistas, que ajudou financeiramente ao
comprar-lhes obras. Penso que hoje terá uma belíssima colecção de street art.
Ela compreendeu completamente este movimento e foi uma ajuda
imprescindível para muitos destes artistas, dando-lhes todo o apoio e
ajudando-os a viajar para conhecerem colegas. Há 15 anos os graffiti
eram vistos como actos de vandalismo e foi nessa altura que ela
decidiu, se ninguém os queria ver, ela iria expô-los por toda a parte,
nas lojas, e depois na sua galeria (Galerie du Jour). Assim, tanto ela
como os outros galeristas, mais pontualmente, começaram a reabilitar a
arte urbana. E existe ainda o “segundo mercado”, que vende obras de
Jean-Michel Basquiat, e a eles digo-lhes: tenham cuidado porque estão a
vender graffitis! E aqueles que vendem Keith Haring, não se sentem muito envolvidos com a street art (risos)…, mas para mim, o movimento da street art está a avançar.
sábado, 25 de maio de 2013
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