Interessante como fenómenos de exposição mediática têm ciclos rápidos e adesões que se expandem dos centros para as margens.
Apesar de nem sempre ser regra, à semelhança da qualificação urbana que se faz por fazes; caminho de terra batida, fossa séptica, canalizações, electricidade em poste, alcatrão, ... até à electricidade e todas as infraestruturas enterradas gerando ambientes urbanos (finalmente) desafogados da carga visual decorrente de tanta necessidade.
Estas mutações são parte integrante da vida. Que fique registado o pensamento de que o percurso graffiti - arte urbana terá necessáriamente novos desenvolvimentos para breve.
Claramente que o modelo interventivo "tipo" mural de arte pública "low cost" que propicia a visão do lado administrativo dos municípios que consomem estes projectos como espécies de resposta "intelectualizada" à relação com algo que não dominam que é o graffiti ilegal.
Libertadas as tensões e gerados os argumentos que alimentam justificações para medidas de limpeza e vigilância, até se pode sonhar em trazer mais turistas pelo impacto que o circuito de "estrelas à força" num vasto conjunto de internautas que misturam o gag (às vezes da piadola fácil) com alguma atitude de contestação e subversão, visualmente embrulhada com sofisticação.
Não querendo entrar pelo motor da autonomia deste "sistema", no qual tem os coleccionadores cada vez mais convencionais o seu combustível (evidente que grandes corporações à mistura), torna-se clara a necessidade de subir ao próximo degrau.
Onde fica a relação da rua com os da rua neste modelo que se afasta do dia a dia. Tempo no lugar, respostas fruto da real participação da população, aproximação das práticas banais, quotidianas, urge a qualificação destas práticas, quero contribuir, estarei atento.
O leque abre-se libertando-se definitivamente do mundo da arte, ou aprofundando-se neste seriamente, outras palavras chave (com outros problemas associados) podem fornecer pistas: cidades criativas, participação pública, design urbano... e sim falar de graffiti lato senso.
Certo é que o modelo de festivais de arte urbana está esgotado como linha da frente da pesquisa prática da incorporação da espontaneidade criativa dos cidadãos no espaço público.
À semelhança de uma graffiti Jam, são importantes (vitais mesmo em certos contextos) porque correspondem a fases de maturidade relativa ao fenómeno, porem quanto mais tempo passa da sua "frescura" natural mais logótipos carrega no seu camuflado.
Nada contra logotipos, coerencia e inteligência são bem vindos nesse jogo, tomara que o terreno fresco das iniciativas pioneiras consiga tal suporte, pois sempre que assim é dificilmente se concretizam.
Mais do que olhar para os "artistas" penso ter chegado o tempo de olhar para quem trabalha com os "artistas" e faz os "festivais" acontecer, trabalhando em conjunto e forçando fronteiras eventualmente começando por mudar a forma de olhar para os protagonistas passando de artistas para cidadãos criativos abrindo o espaço para ligações fluídas com os actos banais e quotidianos de todos nós.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
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