sábado, 25 de maio de 2013

MAGDA DANYSZ

Arte capital, excerto de entrevista a MAGDA DANYSZ
http://www.artecapital.net/entrevista-55-magda-danysz

Por Sílvia Guerra
Paris, 17 de Junho de 2008

P: E a arte urbana?


R: Esse é o outro domínio que quis desenvolver, mas não diria que é a minha outra “especialidade”. Mas no início fez um pouco parte do projecto da galeria. Faço parte da geração street art e desde jovem a achava muito interessante, não o “tag” no metro, todo destruído, mas existem murais fantásticos. Quando era ainda muito nova, com uma certa ingenuidade, perguntava porque é que estas manifestações não eram reconhecidas como sendo arte? E respondiam-me: Não, não é arte, é vandalismo. Mas quanto mais me davam esta resposta mais eu me convencia de que iria abrir uma galeria para vender os trabalhos destes artistas. A galeria nunca visou vender exclusivamente arte urbana, porque senão seria um outro ghetto, mas queria colocar o graffiti ao mesmo nível dos outros domínios artísticos.

É fine art como dizem nos Estados Unidos, é mainstream, e penso que é o último movimento pictórico do século XX. Quando analisamos os factos vemos que há um verdadeiro movimento localizado, onde há o hip hop, com a tendência musical, corporal da dança, e há uma técnica específica que utiliza o aerosol. E se perguntar a um artista se é simples utilizar o aerosol, verá que é muito difícil. É claro que hoje nem todos utilizam o aerosol, mas ele ainda está relacionado com esta técnica. Durante alguns séculos o fresco não esteve na moda… e com este movimento há um retorno do fresco e da escolha do lugar, do ambiente urbano, porque cada artista da street art escolhe muito precisamente a sua localização. Cada obra relaciona-se intimamente com o ambiente que a circunda: uma vista panorâmica, um raio de sol, a proximidade de outro edifício ou de outro fresco é importante para estes artistas urbanos. Para mim todos estes elementos definem uma verdadeira cultura artística, um movimento, e bato-me quotidianamente para que seja reconhecido como tal.


P: Que outras galerias de Paris representam estes artistas ?

R: Há cada vez mais galerias a representá-los, o que me deixa encantada. O que é surpreendente nesta profissão é que não existe muita concorrência, até é melhor existirmos em certo número para que nos ouçam. Desejei este florescer da arte urbana há mais de 15 anos e fico feliz com isso. Não gostaria de estar sozinha. A Agnès B. (designer de moda francesa) sempre defendeu este movimento, quer como coleccionadora de arte quer enquanto galerista. Fê-lo de uma forma humilde e discreta, e foi muito importante para estes artistas, que ajudou financeiramente ao comprar-lhes obras. Penso que hoje terá uma belíssima colecção de street art. Ela compreendeu completamente este movimento e foi uma ajuda imprescindível para muitos destes artistas, dando-lhes todo o apoio e ajudando-os a viajar para conhecerem colegas. Há 15 anos os graffiti eram vistos como actos de vandalismo e foi nessa altura que ela decidiu, se ninguém os queria ver, ela iria expô-los por toda a parte, nas lojas, e depois na sua galeria (Galerie du Jour). Assim, tanto ela como os outros galeristas, mais pontualmente, começaram a reabilitar a arte urbana. E existe ainda o “segundo mercado”, que vende obras de Jean-Michel Basquiat, e a eles digo-lhes: tenham cuidado porque estão a vender graffitis! E aqueles que vendem Keith Haring, não se sentem muito envolvidos com a street art (risos)…, mas para mim, o movimento da street art está a avançar.

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